terça-feira, 19 de julho de 2011

Um coração .

Eu tenho um coração. Há alturas que gostava que ele não passasse de um músculo como todos os outros do meu corpo, mas ele teima em mostrar-me que (muitas vezes) vale mais que a minha consciência. Mas a culpa é minha .. eu é que abro as portas a toda a gente, sem questionar sequer as origens de tal vontade de entrar, e depois sofro com o que se passa lá dentro, quando as portas já estão fechadas à chave.
Já passou por muito, este meu músculo querido. Já lhe dei alegrias que o fizeram bater como nunca, já lhe dei tristezas que quase o pararam, já lhe dei momentos de equilíbrio e já o fiz tremer de medo e também de verdadeira adrenalina. Sempre fiz dele o que quis, quando quis e com quem quis, sem lhe pedir a mínima opinião, só que ele cansou-se de eu o usar. Cansou-se das desilusões que não eram compensadas com alegrias, de chorar sozinho no escuro do meu peito, de querer ser ouvido e de viver no silêncio.
Um dia, ele cansou-se de ser apenas um coração, ferido e suplicante.

Então, tudo mudou e eu mudei com ele. Comecei a protege-lo de quem o queria magoar. Fiz uma selecção dos podres que habitavam bem dentro do meu peito e deitei-os fora. Inundei-o de amizade e amor verdadeiros e, aos poucos, ele bateu forte novamente.
Quando dei ouvidos ao meu coração, comecei a ser feliz.
Agora? Agora só entra quem o faz bater de alegria e felicidade, quem lhe dá coisas boas e a mim sorrisos. E quando sente um batimento menos forte e eu sinto um sinal de desilusão, a porta destranca-se, abre-se e fecha-se novamente. Simples, eficaz, por vezes doloroso, mas necessário.
Hoje, eu sou o meu coração e cuidarei dele até que deixe de bater.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Tempo .


Relógios. Esses malditos medidores de tempo. O meu sentimento por eles é mais ou menos bom, quando não é mais ou menos mau. Porque é que simplesmente não podemos medir o tempo a nosso gosto e satisfação? Porque é que não podemos apressar o relógio quando estarmos separados e atrasa-lo quando estamos juntos? São muitos os que dizem que “o que é bom acaba depressa”, e porque não podemos ser nós a decidir se nos apetece acabar? Porque é que não podemos ser os donos do tempo, quando, afinal, somos os donos da nossa vida? O mundo é complicado, e o relógio não pára.

Neste momento, só o queria fazer correr, para depois o atrasar .. ou até parar!

Quando estamos longe do que nos aquece o coração, as horas custam a passar, os dias tornam-se intermináveis, a alegria torna-se escassa e o sol só aparece de vez enquanto. O relógio anda em câmara lenta, a distância aperta o peito. Quando juntamos estes dois factores tão fortes, tão intrigantes, tão complexos, tão irritantes, ficamos como que sufocados, não por fora, mas por dentro.

Podemos estar longe, podemos viver a quilómetros de distância, podemos ter dias diferentes, podemos passar horas separados, podemos contar os dias para voltarmos a estar juntos, podemos estar ausentes por uma eternidade, podemos sofrer com toda esta distância .. mas, quando finalmente estamos juntos, temos a certeza que valeu a pena esperar .

terça-feira, 7 de junho de 2011

História de uma menina


Há pouco tempo atrás, havia uma menina que vivia no mundo encantado do faz-de-conta . Existia um príncipe, um cavalo cinzento, muitos momentos mágicos e várias bruxas más . Essa menina era cheia de esperança e crenças, e acreditava que não havia nada mais verdadeiro que o amor inflamante que nutria pelo príncipe . Só que nem tudo corria bem ... O príncipe tinha dúvidas e receios, e muitas vezes era vítima de feitiços das bruxas más . A menina sofria muito com todas as feridas que o príncipe ia abrindo no seu peito . Perante estas desilusões, os cavaleiros reais vinham de espada em punho contra o príncipe, mas a menina não aceitava ser defendida ... Dizia sempre " ele vai mudar, ele vai mudar " . Mas o príncipe nunca mudou e a menina estava cega .
Um dia, uma bruxa enfeitiçou de tal modo o príncipe, que o levou à loucura . Ele abandonou a menina, deixou-a para trás, até que a esqueceu . Estendida no chão, de peito aberto e coração à mostra, a menina ( finalmente ) entendeu que o príncipe não era encantado e ( finalmente ) abriu os olhos, como que se fossem atingidos por um trovão . E assim, todos os sonhos da menina foram desfeitos e todas as esperanças desvanecidas . Não havia príncipe, nem cavalo, nem nada . Não passava de uma mentira .
Vendo a menina nesta angústia, os cavaleiros reais vieram em seu auxílio, e desta vez ela não teve como recusar . E eis que então surge um cavaleiro, alto e espadaúdo, que lhe dá a mão . Dia após dia, as feridas começam a sarar, o coração une todas as suas peças e a menina repara que é esse cavaleiro andante quem as cola . Dia após dia, o cavaleiro entra no peito da menina e toma como seu o coração que reconstruiu . Dia após dia, a menina enche de graça o cavaleiro, tomando a vida dele como sua . Dia após dia, nasce e cresce o amor .
E assim, a menina pôde ver ( finalmente ) a verdade : o príncipe não passava de uma verdadeira bruxa, as bruxas não passavam de meninas iguais a ela e o cavaleiro tornou-se o seu verdadeiro príncipe .
Agora, a menina e o cavaleiro esperam apenas pelo tão esperado " Felizes para sempre ! " .

quinta-feira, 2 de junho de 2011

Aos seus lugares, prontos, GO !




"Era uma vez...", "... e viveram felizes para sempre!". Assim começam e acabam todos os contos de fadas. A vida ensinou-me que essas pequenas grandes histórias não passam dos livros, mas também me mostra a cada dia que sonhar é bom e faz bem (e ainda por cima é de graça!). Sei que na realidade não existem princesas de vestidos longos e cintilantes, nem príncipes em cavalos brancos. A única coisa que realmente existe, e que poucas pessoas conhecem de verdade, é a magia... magia de viver, de estar vivo. Por isso, aqui começa mais um conto de fadas. Pode não ser cintilante, mas transbordará de magia, da minha magia.



"Era uma vez ..."